Morando Sozinha: Um ano depois...

Há exatamente um ano eu estava chegando numa casa nova para morar com pessoas que eu não conhecia em outra cidade com uma mala, uma mochila e um pai choroso de ver a filha de 18 anos saindo de casa tão cedo. Tudo isso atrás de um sonho. Um sonho que foi ele mesmo que fez com que eu tivesse desde pequenininha. “Você vai crescer, vai estudar, vai entrar para uma boa faculdade e vai ser bem sucedida”. Cresci, estudei, entrei para uma boa faculdade... E comecei a morar sozinha.

Um ano depois, numa casa diferente, veterana na faculdade e perto da crise dos 20 anos, eu percebi que aprendi muito mais nesse intervalo de tempo do que muita gente aprende na vida toda. Fazer arroz em panela pequena e sem tampa não dá certo. Lavar roupa na mão depois das quatro da tarde no tempo fresco te faz espirrar pelo resto do dia. Estudar na cama é bom para dormir, e não para os seus estudos. Usar o cartão de crédito sem controle faz a fatura vir loucamente alta. É mais fácil lavar um mini tabuleiro do que uma frigideira com óleo, então asse os alimentos ao invés de fritá-los. Você não pode esquecer de trancar a porta ou de apagar as luzes. Se você não quiser lavar a louça logo depois da janta, não precisa. Mas no dia seguinte, de manhã, ela vai estar exatamente no mesmo lugar esperando por você.

Chega uma hora em que você não sente mais medo de pedir informação na rua e aprende a ir ao supermercado sozinha. Voltar carregando bolsas e ainda assim conseguir colocar os inseparáveis fones nos ouvidos. Chega uma hora em que você encontra alguém que vai te levar em casa todo dia depois da aula só para ter certeza que você chegou bem. Mesmo quando isso não acontece, você chega bem, porque sabe que não deve andar perto das paredes numa rua deserta depois das dez da noite quando está sozinha. Sabe que antes de abrir o portão, deve ver se não tem alguém suspeito na rua. E também sabe que se esquecer de trancar o portão e algo acontecer durante à noite, você vai ter que lidar com as consequências sozinha, então não esquece.


E aí, de pouquinho em pouquinho, você percebe pelo que as outras pessoas falam, que o “quase adulta” que você mesma usa para se definir está quase precisando ser trocado. Crescer é chato, problemático, confuso e complicado, mas é inevitável. E essencial. E às vezes pode até ser bem interessante. Ainda mais quando você tem um quarto para arrumar, uma pilha de louça para lavar e está sentada na sua cama ouvindo o Tiago Iorc cantar “ooh, I’m feeling like my life has just begun, I’m feeling fine, I feel so alive” enquanto escreve um texto comemorando o fato de que há um ano, você deu um passo em direção à independência. E ainda está viva e sem ferimentos graves. 

2 comentários:

  1. Lindo texto. Você será uma grande escritora!
    Já disse que tenho muito, mas muito mesmo, orgulho de você?!

    Te amo.

    Beijos,
    Hannah.

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  2. Cara, você me mima demais :))) Obrigada sis ♥

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