When all hope is gone, we'll find love

Perdendo pensamentos em copos de whisky numa mesa de bar. Era a maneira mais fácil de passar por essa noite sem fazer alguma besteira. Eu tinha deixado de ver sentido nas coisas que fazia e esperava pensar nisso com sobriedade no dia seguinte, mas hoje não. Hoje, quanto mais sóbria me sentia, mais eu bebia. Isso não ia acabar com todos os meus problemas, mas, pelo menos por uma noite, ia me fazer esquecer. Ou sentir menos dor.

Se a esperança é a última que morre, me pergunto o que vem depois dela. Porque a minha se esvaiu com as lágrimas silenciosas que derramei por anos. Estou fora dos trilhos, fora de órbita, precisando achar meu caminho. Precisando de alguém para me guiar pelo escuro, me segurar para que eu não tropece e fazer curativos quando isso, eventualmente acontecer, e eu for ao chão.

Engraçado pensar na música que diz “soon when all hope is gone, we’ll find love”.  Minha esperança já se foi, e segundo ela, está na hora de encontrar o amor, mas é justamente dele que eu estou fugindo. Foi ele que me deixou assim e é ele que eu não ver por um bom tempo.

Pretensão seria alguém imaginar que tudo isso é obra de um coração partido. Lidei com tantos desses durante a vida que já aprendi a pisotear essa dor com salto alto e batom vermelho. E então, fui atingida pelo inesperado. É por isso que não sei no que pensar. E isso é ligeiramente pior que não ter no que pensar.


Volto ao início, e por não saber onde canalizar meus impulsos mentais, prefiro perdê-los para a satisfação momentânea. E o whisky se torna um amigo muito agradável. O amigo que a pessoa que me colocou nessa situação, nunca foi, mas que eu sempre quis que fosse. 

- Ariel Cristina Borges