Resenha: Quem é Você, Alasca, John Green



Título: Quem é Você, Alasca?
Título Original: Looking For Alaska
Autor: John Green
Editora: Martins Fontes
♥♥♥♥♥
Skoob


Sinopse: Miles Halter é um adolescente fissurado por célebres últimas palavras que, cansado de sua vidinha pacata e sem graça em casa, vai estudar num colégio interno à procura daquilo que o poeta François Rabelais, quando estava à beira da morte, chamou de o "Grande Talvez". Muita coisa o aguarda em Culver Creek, inclusive Alasca Young, uma garota inteligente, espirituosa, problemática e extremamente sensual, que o levará para o seu labirinto e o catapultará em direção ao "Grande Talvez".

Com Quem é Você, Alasca?, John Green confirmou que tem o dom de me deixar completamente sem palavras no fim da história. Por isso eu sempre acho tão difícil escrever sobre os livros assinados por ele. É o segundo que eu leio (o primeiro foi A Culpa é das Estrelas) e, se antes ele já tinha chegado à lista dos meus autores preferidos, agora ele cravou os pés ali e não sai mais. 

Miles Halter é um adolescente introvertido, inteligente e nada popular. Grande fã de biografias e últimas palavras, ele se baseia na última fala do poeta francês François Rabelais, "Saio em busca de um Grande Talvez", para dar uma virada em sua vida. Miles decide terminar os estudos num colégio interno e lá ele conhece seu primeiro amigo verdadeiro e a garota por quem iria ser apaixonado para sempre. 

"Ótimo. E não me chame de Chip, é Coronel."
Eu segurei uma risada. "Coronel?"
"É. Coronel. E seu apelido vai ser... hmm... Gordo."
"Como?"
"Gordo", o Coronel disse. "Porque você é magricela. Isso se chama ironia, Gordo. Já ouviu falar? Agora vamos arranjar uns cigarros para não começar o ano com o pé direito."

Chip Martin, o Coronel, é o colega de quarto de Miles em Culver Creek e no primeiro dia dele em Culver Creek, o apelida de Gordo e o apresenta a Alasca Young, a menina excêntrica que tirou o sono de Gordo e a Takumi, viciado em investigações e cúmplice de Alasca e Coronel nos trotes lendários de Culver. 

"Mas que diabos é isso?"

"Meu chapéu de raposa"
"Chapéu de raposa?"
"É, Gordo. Meu chapéu de raposa."
"Por que vestiu o chapéu de raposa?"
"Porque ninguém pega a maldita raposa."

Alasca merece destaque não só por ser a personagem que empresta o nome ao livro, mas por sua construção. Se a questão de Gordo é o Grande Talvez, a dela é baseada nas últimas palavras de Simón Bolívar: "Como sairei deste labirinto?". Intrigante e cheia de mistérios, é o tipo de garota por quem um cara como o Gordo (ou qualquer um) não pode evitar se apaixonar. Inegavelmente explosiva e inconsequente, ela dá o ritmo ao livro. 

"Por que você fuma tão depressa?" perguntei.

Ela me olhou e abriu um sorriso largo, e um sorriso assim tão largo em seu rosto estreito talvez lhe desse um ar meio tolo se não fosse a inquestionável elegância de seus olhos verdes. Ela sorriu com todo o encantamento de uma criança na noite de Natal e disse: "Vocês fumam para saborear. Eu fumo para morrer".

Quem é Você, Alasca? descreve da maneira mais avassaladora possível o papel que as pessoas desempenham nas vidas uma das outras. A influência que Alasca e o Coronel exercem na vida de Gordo é imensa (para o bom e para o mal). O crescimento e amadurecimento dele são perceptíveis das primeiras às últimas páginas do livro. A amizade deles mudou a vida de Miles em todos os aspectos, para sempre, definitivamente. 

Uma das coisas que mais chamam a atenção em Quem é Você, Alasca, é a profundidade que John coloca nos dilemas dos personagens. Eles são adolescentes com acesso relativamente fácil a bebidas e cigarro, longe da supervisão dos pais (e com uma facilidade imensa de burlar a supervisão do Águia, o diretor da escola) e ainda assim, a história das entrelinhas não é nada superficial. Os personagens são bem construídos e tem seus plots pessoais bem amarrados (na medida do possível). A melhor parte, para mim, foram os diálogos. Eles são tão profundos, divertidos e bem construídos quanto os personagens e é isso o que se espera de um livro do John Green. 

Se, depois disso tudo, você ainda se pergunta se eu recomendo Quem é Você, Alasca?, eu posso escrever com todas as letras: o livro é RECOMENDADÍSSIMO. Assim, leiam, releiam, leiam outro livro e, quando acabarem esse, leiam Alasca novamente. É o que eu vou fazer. 
“Simples assim. De centenas de quilômetros por hora ao repouso em um nanossegundo. Eu queria tanto me deitar ao lado dela, envolvê-la em meus braços e adormecer. Não queria transar, como nos filmes. Nem mesmo fazer amor. Só queria dormir com ela, no sentido mais inocente da palavra. Mas eu não tinha coragem. Ela tinha namorado. Eu era um palerma. Ela era apaixonante. Eu era irremediavelmente sem graça. Ela era infinitamente fascinante. Então voltei para o meu quarto e desabei no beliche de baixo, pensando que, se as pessoas fossem chuva, eu era a garoa e ela, um furacão.”

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