- Angelina! Dá para demorar menos aí dentro? Desse jeito a
gente só vai sair para comemorar o seu aniversário de 23 anos! – Noah gritou da
sala e para ter me chamado de Angelina e não de Angie, a situação estava
começando a ficar estranha para o meu lado. Achei melhor me apressar.
- Estou indo! – Gritei de volta.
Era meu aniversário de 22 anos, e agora todos os meus
vizinhos deviam saber graças ao grito da Noah. Eu ia sair com as minhas amigas
para comemorar, mais por elas do que por mim mesma. Ainda não estava muito no
clima para festas... Noah, Lizzie, Isabella, Julie e Anne estavam me esperando
na sala. Eu disse que não deveria ser a última a tomar banho, mas nunca me
ouvem quando eu falo, fazer o que?
- Angie, rápido! – Foi a vez da Isabella gritar para me
apressar.
- Pronto, podemos ir. – Falei já na sala. Elas cinco já
estavam começando a ficar cansadas de esperar.
- Graças aos céus! – Anne disse.
- Superem o fato de que vocês não deviam ter me deixado ser
a última a tomar banho. Vamos logo?
- Vamos, a noite é uma criança! – Lizzie disse.
- Haja tequila! – Isabella falou e eu fiquei com medinho
porque não tenho a melhor das resistências com tequila.
- O táxi já chegou? – Julie perguntou e nós ouvimos uma
buzina vinda da portaria.
- Acabou de chegar. – Falei. Lizzie dividia o apartamento
comigo, então quando nós saímos, ela trancou as portas.
Anne era quem pensava nos detalhes práticos em tudo o que
nós fazíamos e eu agradeci mentalmente a ela por ter se lembrado de pedir um
carro grande quando nós ligamos para a cooperativa de táxi. Éramos seis, e não
caberíamos num carro de tamanho normal sem chegarmos amassadas.
- Bar Maddox’s, no orla, por favor. – Noah disse ao
motorista do taxi quando nós entramos. Achei estranho não termos pego muito transito
numa sexta feira à noite em
Los Angeles, mas foi até bom, chegamos mais rápido no
Maddox’s.
Aquele era, provavelmente, o nosso bar preferido na cidade
toda. Era daqueles bares com uma espécie de karaokê, onde você podia subir ao
palco e cantar quantas músicas quisesse. Nós já conhecíamos até os
funcionários. E era isso que sempre nos fazia entrar na frente da fila que
sempre se formava na porta do Maddox’s.
Quando chegamos, tinha alguém no palco cantando Beautiful Disaster, da Kelly Clarkson e Anne
e Isabella só faltaram ter um treco porque gostavam da música. Era a música que
tinha inspirado um livro que elas curtiam... Ou algo do tipo.
- Seis tequilas, por favor. – Julie disse quando chegamos ao
bar.
- Vocês querem que eu saia daqui carregada? Tequila já no
início? – Perguntei.
- Angie, supera o fato de que você não é mais fraca com
bebida como fala para o mundo. – Lizzie disse.
- Você vai beber essa e daqui a pouco vai cantar. – Isabella
disse.
- Cantar? Hoje está muito cheio, muita gente vai me ver... –
Falei.
- Não to nem aí, Angelina. Hoje é seu aniversário e você vai
cantar. – Noah disse.
- Acho que vou precisar de mais tequila. – Disse.
Eu já tinha tomado o terceiro copinho – e tinha decidido
parar – quando o vi pela primeira vez. Eu e as meninas estávamos dançando perto
do bar e ele estava com um grupo de amigos há uns quinze metros de nós seis. E
estava olhando para mim.
- E não é que alguém perdeu o olhar na Angie? – Noah disse.
- Ninguém perdeu o olhar em lugar nenhum, Noah. – Falei
tentando disfarçar o rubor que se formou no meu rosto pela descoberta do meu
projeto de flerte recém iniciado.
- Perdeu sim. Ele está te olhando desde que nós chegamos,
você que só viu agora.
- Sério? – Perguntei rápido demais.
- Ah, eu sabia que você estava flertando de volta, sabia! –
Anne disse.
- Vai fundo, Angie, ele é um gato! – Lizzie falou.
- Que vai fundo, menina? Parece que não me conhece. Qual foi
a última vez que você me viu ficar com um cara aleatório?
- No ensino médio.
- Pois então, tem muito tempo! – Falei.
- Eu não falei para você casar com o cara, só para
conversar. Pelo amor de Deus, é seu aniversário, supera o fato de que o seu
ex-namorado não valia nada. Você está bem melhor sem ele. – Ela falou sem um
pingo de arrependimento na voz e eu sabia que ela estava certa.
- Eu quero outra tequila. – Pedi no bar.
- Essa é a Angie que eu conheço! Mais seis, por favor. –
Isabella pediu e nós fizemos um brinde. – Por uma noite sem interferências do
resto do mundo.
- Pelos 22 anos da Angie, que seja a noite da vida dela! –
Anne disse.
- Pelo esquecimento dos corações partidos. – Falei.
- Por se apaixonar por estranhos! – Julie disse olhando
diretamente para mim.
- Por uma noite sem um pingo de sono. Dormir é para os
fracos! – Noah disse.
- Vamos dominar a noite! – Lizzie falou e nós viramos os
copinhos de tequila. O líquido desceu queimando na minha garganta e eu gostei
da sensação. Lizzie tinha razão. Era hora de mudar.
Por isso, quando nós voltamos nossa atenção para a música
que estava tocando no bar e voltamos a dançar, eu olhei na direção do meu
objeto de flerte e ele estava distraído conversando com os amigos, mas em
seguida, olhou na minha direção e encontrou o meu olhar. Não sei o que me deu,
mas eu continuei olhando, não abaixei a cabeça e ele sorriu. E, uau, que
sorriso.
Nós continuamos naquele joguinho de olhares por mais uns
vinte minutos, até que o vi falando com os amigos e saindo de perto deles.
Vindo na minha direção. Mas antes que ele chegasse, outra coisa chamou a minha
atenção.
- E hoje, senhoras e senhores, é aniversário de uma das
clientes mais assíduas do Maddox’s! E como é tradição nesse bar, aniversariante
tem que cantar! – Eddie, o “mestre de cerimônias” do Maddox’s falou no palco –
Dessa vez, as amigas dela já escolheram até a música. Angie Brown, onde você se
escondeu? – As meninas começaram a apontar para mim e em menos de dez segundos
todos tinham me achado. Inclusive o homem vindo na minha direção.
Olhei para ele e depois para o palco. Ele já tinha entendido
que eu era a tal Angie. Só me restava subir lá e cantar o que quer que as
meninas tenham escolhido para mim. Enquanto caminhava até o palco, recebi
vários desejos de “Feliz Aniversário” de estranhos que pareciam me conhecer a
vida toda. Uma menina até me abraçou...
Cheguei ao palco e quando me falaram a música que eu ia
cantar, me senti muito desligada – ou muito bêbada – para não ter desconfiado
antes. 22, da Taylor Swift. Não tinha
música que definisse mais a minha noite que aquela.
“It feels like a
perfect night to dress up like hipsters
And make fun of our exes,
uh uh, uh uh
It feels like a
perfect night for breakfast at midnight
And fall in love with
strangers, uh uh, uh uh
Yeeeeeah, we’re happy,
free, confused and lonely at the same time
It’s miserable and
magical, oh yeeeeeah
Tonight is the night
when we forget about the deadlines, it’s time, uh uh
I don’t know about
you, but I’m feeling 22
Everything will be
alright if you keep me next to you
You don’t know about
me, but I bet you want to
Everything will be
alright if we just keep dancing like we’re 22, 22.
It seems like one of
those nights
This place is too
crowded, too many cool kids, uh uh, uh uh
It seems like one of
those nights
We ditch the whole
scene and end up dreaming instead of sleeping
Yeeeeeah, we’re happy,
free, confused and lonely in the best way
It’s miserable and
magical, oh yeeeeeah
Tonight is the night
when we forget about the heartbreaks, it’s time, uh uh
(…)
It feels like one of
those nights
We ditch the whole scene
It feels like one of
those nights
We won’t be sleeping
It feels like one of
those nights
You look like bad
news, I gotta have you, I gotta have you”
Eu cantei a música toda surpreendentemente animada, talvez
por efeito das tequilas. Anne, Isabella, Julie, Lizzie, Noah e o tal rapaz que
já sabia o meu nome e eu não sabia o dele foram os meus focos em meio à minha
“plateia” enquanto eu cantava. Mas depois que acabei de cantar, o desconhecido
sem nome sumiu do meu campo de visão. Deve ter ido embora, fugindo da pessoa
que foi louca o suficiente para subir num palco e cantar Taylor Swift depois de
várias tequilas. Quer saber, whatever. Mas
essa é outra música...
- Arrasou, Angie! – Isabella disse animada quando eu voltei,
me estendendo um copo de não sei o que. – Tive vontade de subir no palco e
cantar com você.
- E por que não foi?
- Porque eu vi que não era só para a gente que você estava
cantando, achei melhor não atrapalhar.
- Ah, ele foi embora, não ia atrapalhar nada. – Isabella passou
o olhar de mim para algo nas minhas costas enquanto eu falava. Eu ia perguntar
o que era, mas alguém me chamou antes.
- Angie? – Era uma voz masculina que eu não conhecia. Mas
todo mundo naquele bar sabia que eu era a Angie hoje. Me virei sem me preocupar
em quem ia encontrar e senti o rosto esquentar e o estômago revirar quando vi
quem era. O estranho sem nome que não tinha ido embora.
- É meu nome. – Eu disse e ri, tentando disfarçar o
nervosismo.
- Hum, eu sou Sam. Samuel, mas todos me chamam de Sam.
- E eu sou Angelina, na verdade. – Ele estendeu a mão e eu
peguei na mão dele achando que ele só ia apertá-la, mas ele me puxou e deu dois
beijinhos no meu rosto.
- Angelina, eu posso te pagar uma bebida?
- Só se parar de me chamar de Angelina Onde o Angie foi
parar? – Ele riu.
- Ok, Angie. – Ele se aproximou do balcão do bar. – Gostei
da música que você cantou lá em cima.
- Minhas amigas escolheram bem. – Falei enquanto o seguia
para o bar.
- E sim, eu realmente quero saber mais de você. – Então ele
entendeu que eu cantei esse pedaço da música para ele? Bom... – Mas eu te
garanto que sou um bom rapaz, nada de bad news. – Eu ri.
- Vamos ver se você é mesmo um bom rapaz. O que o Samuel faz
da vida?
- O Samuel é estudante de engenharia química na Universidade
da Califórnia. E a Angelina?
- Ela faz cinema na mesma universidade. – Ele sorriu.
- E como o Samuel nunca viu a Angelina por lá?
- Não sei. Sei que o Sam e a Angie acabaram de se encontrar
no Maddox’s hoje eu acho que isso vai ser bom. – De onde eu tirei coragem para
falar isso mesmo?
- Definitivamente, vai ser bom.
- Bem, acho que você sabe que hoje é meu aniversário...
- 22 anos, parabéns, Angie!
- Obrigada. – Eu sorri. – Quantos anos você tem, Sam?
- Também tenho 22. Faço 23 no final do ano. Você quer
dançar, Angie?
- Eu achei que você fosse demorar mais a pedir. E eu não
costumo ter a língua tão solta, mas estou meio bêbada.
- Eu acho que o fato de você ter admitido que está bêbada
prova que você esta á pior do que imagina . – Anne falou e tirou o copo da minha
mão. – Já chega por hoje de álcool, Angelina.
- Ok, Anne. – Anne sumiu com a mesma rapidez que tinha
chegado. – A Ann tem complexo de mãe. É sempre assim. Mas eu acho melhor mesmo
eu parar de beber.
- Eu paro junto com você. – Ele se virou para o barmen – Por
favor, duas latinhas de coca cola?
Uau. Ele parou de beber por minha causa. Sam tinha acabado
de ganhar uns dez pontos comigo. Will nunca parava de beber, nem quando eu
pedia... E por que eu estava comparando esse cara que eu nem conhecia com o meu
ex namorado mesmo? Depois que pegamos nossos refrigerantes, nós fomos dançar.
- Até que você dança bem para um engenheiro químico... –
Falei.
- Você dança
incrivelmente bem para uma cineasta.
- Acho que esqueci de te dizer que eu também sou dançarina...
- Agora está explicado porque todo mundo está olhando para
nós dois.
- Estão olhando para a gente? – Perguntei parecendo um pouco
desesperada. Acho que o efeito das tequilas estava quase passando.
- Todos menos algumas das suas amigas que arranjaram outras
distrações... – Olhei para trás e Anne e Lizzie estava super empolgadas
conversando com dois meninos que me pareceram familiares...
- Aqueles não são os seus amigos? – Perguntei.
- Sim. São os Josh.
- Os Josh?
- Eles tem o mesmo nome e usam essa coincidência para puxar
papo com as meninas. – Levantei a sobrancelha – Mas não precisa se preocupar,
no fim das contas, eles são caras legais.
- Menos mal. Sabe como é, mexe comigo, tudo bem. Mexe com a
minha melhor amiga, você está morto. E elas são duas... – Brinquei.
- Isso também vale para elas? – Ele perguntou se fazendo de
preocupado.
- Foi com elas que eu aprendi.
- Então eu acho melhor tomar cuidado... – Ele falou e nós
dois rimos. Todo sinal de que ele era problema tinha sumido àquela altura junto
com o efeito da bebida.
- É melhor mesmo. – Nós continuamos dançando e instantes
depois, ele voltou a falar.
- Angie, você quer conversar lá fora? A gente pode dar uma
caminhada na praia...
- Eu ainda não sei se posso confiar em você, Samuel...
- Eu juro que vou me comportar. Até porque, se eu fizer algo
a mais, suas amigas podem me matar. – Sorri.
- Ok, vamos caminhar, Sam.
Eu parei para avisar às meninas que ia sair dali antes e
Julie me fez jurar que eu ia ligar se alguma coisa acontecesse e que não ia
sair da praia. Minha mãe estava sendo bem representada pelas minhas amigas.
O bar estava bem cheio, então eu estava tendo problemas para
conseguir sair do lugar porque sou pequena. Sam tomou a frente e foi me puxando
pela mão. Eu não estava enxergando muita coisa além da camisa branca dele na
minha frente. Do nada, senti alguém me puxar pelo outro braço e apertei a mão
de Sam com mais força, tentando me segurar.
- Você não perdeu tempo, hein, Angelina. – Reconheci a voz
da pessoa que tinha me puxado no momento em que a ouvi. Puxei Sam outra vez e
ele se virou para ver o que tinha acontecido.
- O que você quer, Will?
- Quero que você largue desse cara aí e fiquei comigo.
- Angie, quem é esse cara? – Sam perguntou.
- É meu ex-namorado. EX- namorado. Lembra disso, William?
Foi você quem terminou comigo.
- Mas eu mudei de ideia. E você é minha, eu te quero de
volta e vou te ter.
- O quê? – Perguntei sem entender nada. – Você só pode estar
de sacanagem.
- Não estou, Angel.
- Não me chama de Angel.
- Eu te chamo do que eu quiser e você vai vir comigo. – Ele
me puxou de novo e eu não consegui segurar a mão do Sam.
- Larga ela, cara. – Sam se aproximou. Will estava
claramente bêbado, mas ainda tinha a força de quando estava sóbrio.
- Você está me machucando. – Falei.
- Eu não vou te largar. E você, cara, não é ninguém para me
impedir.
Ele empurrou Sam com a outra mão e o resto aconteceu tão
rápido que eu quase não entendi. Só assimilei as coisas quando vi Will
cambaleando para trás e esbarrando em um monte de gente enquanto me soltava. Sam
tinha acabado de dar um soco nele. Ainda estava meio desorientada quando
agarrei a mão estendida dele e o deixei me levar rapidamente para fora do
Maddox’s.
- Você está bem? – Ele perguntou depois que atravessamos a
rua e chegamos ao calçadão da praia.
- Você deu um soco no meu ex-namorado.
- Pois é... Eu acho que esqueci de te dizer que também sou
lutador de boxe. E ele estava te machucando.
- Estava mesmo... Mas você não tem o costume de fazer isso
não, né? – Eu acho que estava um pouco assustada.
- O que? Sair socando as pessoas assim? – Assenti. – Não,
não tenho. E nem posso... Se meus professores do boxe descobrem o que eu fiz
hoje, eu levo uma suspensão.
- E por que você fez?
- Já disse, porque ele estava te machucando. – Sorri.
- Obrigada.
- Disponha. Acho que eu te devo uma caminhada na praia,
certo?
- Certo. – Nós tiramos os sapatos e fomos para a areia.
- Hum, Angie... Eu posso te perguntar uma coisa?
- Outra coisa além dessa que você já está perguntando? – Eu
ri. – Pode.
- Como você conseguiu ficar com um babaca que nem aquele?
- Ele não era tão babaca no início...
- Quanto tempo vocês ficaram juntos?
- Um ano, mais ou menos. E terminamos há dois meses. Ele
terminou comigo porque eu “comecei a cobrar demais”. Mas a verdade foi que eu
descobri que ele ficava com metade das meninas da faculdade nas minhas costas.
E ele nunca admitiu.
- Então ele só terminou com você para poder falar que não
levou um toco?
- Exatamente.
- Que cara ridículo. Ele também estuda na mesma universidade
que a gente?
- Sim. Faz Educação Física. – Respondi.
- Não confio em gente das biológicas.
- Eu costumava não confiar em quem faz exatas... – Falei.
- Costumava?
- Pois é... Você faz exatas. Eu acabei de te conhecer e você
já me tirou de perto das minhas amigas e deu um soco no meu ex. Eu não sei por
que, mas eu confio em você.
- Eu disse que era um cara legal. – Eu ri.
- Eu te dou o veredicto antes de ir embora.
- Ok. – Ele pegou a minha mão outra vez e nós fomos
caminhando com os pés no mar. Saímos de perto quando a água começou a ficar
muito gelada e nos sentamos na areia.
Perdi completamente a noção da hora conversando com ele e me
assustei quando vi os primeiros raios de sol no horizonte.
- Meu Deus, o dia já está clareando! – Falei.
- Eu devia ter te levado para casa... Alguma coisa podia ter
acontecido com nós dois na praia de madrugada. – Ele disse.
- Definitivamente, você é um cara legal, Sam. – Falei.
- Deu para ter certeza depois de uma noite inteira de
conversa?
- Uma pessoa que assiste Procurando
Nemo com os sobrinhos repetidas vezes não pode ser de todo ruim... – Falei.
- Eu não tinha reparado nos seus olhos até agora... – Ele
disse.
- Eles são castanhos e sem graça. – Falei.
- Não são. Você já viu os seus olhos na luz do sol nascente?
- Não. – Ele pegou o celular e colocou na minha frente para
que eu visse o meu reflexo.
- Seus olhos são lindos, Angie. – Ele disse e eu tive que
concordar internamente.
- Os seus também são.
- Não, os meus são sem graça. Verdes. Todo mundo que tem
olhos verdes recebe elogio por causa deles. Mas os seus são diferentes... E
intrigantes.
- Intrigantes?
- Sim. Mas eu acho que isso já fica por conta do seu
olhar... – Eu sorri e acho que corei. Abaixei a cabeça e mexi no cabelo
tentando disfarçar a timidez.
- Angie? – Ele disse enquanto levantava o meu queixo.
- Oi.
- Eu vou te dar um beijo agora, ok? – Respirei fundo.
- Se você não me beijar, eu te beijo. – Ele sorriu e me
beijou.
Eu não tinha a mínima noção do que estava fazendo ali,
sentada na areia da praia beijando um cara que não conhecia nem há doze horas,
mas, do nada, tudo parecia certo.
- Hum... Já que eu sou um cara legal, eu posso te convidar
para sair? – Ele perguntou.
- Eu acho que isso aqui já é mais ou menos um encontro.
- Não mesmo. Eu não soco pessoas num encontro. Preciso me
redimir por isso. E quero te ver outra vez...
- Sendo assim... Sim, você pode me convidar para um
encontro.
- Você vai fazer alguma cosia hoje à noite?
- Sim, tenho um encontro com um cara que eu conheci num bar
na noite do meu aniversário... – Ele me deu outro beijo. – E que beija muito
bem, por sinal.
Ele sorriu e me beijou outra vez. E eu não tinha a mínima
intenção de fazer esses beijos pararem...
Esse texto foi uma grande brincadeira com as personagens da minha fic (In New York's Streets),
Anne, Isabella e Julie e da fic da Izabela (Ballerina Dreams),
Angie, Noah e Lizzie.
E claro, inspirada em 22, da diva Swift ;)
Espero que vocês tenham gostado, hehe