A crise dos 21, a vida adulta, o TCC e eu


Bem, se você chegou até esse post, em algum momento deve ter se perguntado "por que o nome desse blog é Verão de Noventa e Quatro"? Vivo recebendo essa pergunta de várias pessoas e a resposta, é a seguinte: eu nasci no verão de 1994. Eu, justo eu, a pessoa que menos gosta de sol e praia na minha família, nasci no Rio de Janeiro e em janeiro. Faça as contas. No último dia 18, eu cheguei à maior idade (só idade mesmo, porque o tamanho continua sendo o mesmo desde os 12) oficial. 21 anos. 21 anos e um questionamento básico na cabeça há mais de um mês: o que eu vou fazer da minha vida?

A faculdade acaba em dezembro e eu não gosto nem de pensar muito nisso por um simples motivo: o TCC. Mas, quando paro para tentar imaginar o que vem depois da faculdade, o TCC se torna fácil. Desde os quatro anos de idade, eu posso ser classificada na categoria de "estudante". É simples. Ainda não trabalho porque estudo. Estudo para ter uma boa carreira, um emprego consistente e dar orgulho à papai e mamãe. Mas e agora, que o estudo vai acabar? Eu já tenho 21 anos, mas nesses 21 anos, ninguém me disse que tudo ia mudar tanto e tão rápido em um ano. 

Minha mãe já perguntou o que eu pretendo fazer depois da formatura. Já contou, mais uma vez, todos os benefícios que a carreira militar me daria e que eu não quis aproveitar antes da faculdade e agora sou quase jornalista. Ou quase desempregada, como preferir. Porque é isso que você vira quando sai da faculdade e não tem um emprego. De estudante, você passa a desempregada. E as duas palavras e funções, definitivamente, não tem o mesmo peso. 

E aí você pensa "mas Ariel, você já está na faculdade há três anos, já morou sozinha, está em crise agora por quê?" POR QUE EU NÃO SEI SER ADULTA. Eu não sei, simplesmente, não ser estudante. E eu odeio mudanças drásticas. Tenho medo e pesadelos, geralmente. E isso é sério, não é para rir. E se eu não conseguir um emprego? E se eu conseguir, mas não for competente o suficiente? E se eu for, mas o meu chefe não concordar? E se eu não tiver grana pra ir ao show do John Mayer, pra comprar a câmera que eu tanto quero, pra viagem de formatura, pra conhecer Nova York? 

E se eu não tiver grana pra casar? E aí, nessa pergunta, eu encontro meu TCC número três - recapitulando: o número um é o TCC oficial e o número dois, o emprego. O casamento. E daí que você, lendo isso agora, pode achar que eu sou um fruto da opressão da sociedade que diz que se uma mulher chega aos 30 sem casar, ela vai ser solteira pra sempre? Eu quero casar sim - e bem antes dos 30, por favor, Deus! Não apenas por motivos sociais ou religiosos. Mas porque sou eu. Ariel. A menina que tem nome de princesa da Disney e cresceu vendo essas mesmas princesas encontrarem seus príncipes encantados e viverem felizes para sempre. A essa altura do campeonato, eu já sei que o príncipe não vai chegar num cavalo branco - eu preferiria um preto, de qualquer forma - e nem vai ser encantado. Mas eu sou uma princesa. E como uma princesa - ninguém vai tirar isso da minha cabeça porque que sou sim, filha de um Rei -, mesmo que sem coroa, sem fortuna e sem castelo, eu mereço um príncipe. Certamente, ele também não precisa ter coroa, fortuna e castelo. Mas querer construir isso do meu lado já vai ser um bom começo. Por esse príncipe, eu juro, publicamente, que vou aguentar até algumas toalhas molhadas em cima da cama. Mas só se ele matar as baratas.

Talvez você tenha chegado até aqui se perguntando o que eu quis dizer com isso tudo. Ou se perguntando como eu comecei falando do nome do blog e terminei nas baratas - fico arrepiada só de imaginar. Se você está confuso, eu atingi meu objetivo. Se você está achando que eu sou maluca, eu também atingi. Porque nesse momento, essa confusão toda é a minha cabeça e enlouquecer parece ser a consequência mais provável pra isso tudo. Mas só até as aulas recomeçarem. Porque depois disso, a vida normal continua e... nada fica mais fácil.

Resenha: Never Never, Colleen Hoover & Tarryn Fischer - Never Never #1


Never Never
Colleen Hoover & Tarryn Fischer
Hoover Ink
♥♥♥♥♥

Só precisei de um dia de espera no médico para conseguir terminar Never Never, essa história que eu mal conheço, mas já considero pra caramba... Primeiro, simplesmente por ser um livro da Colleen Hoover. Por mais que seja de autoria dupla e que eu nunca tenha lido nada da Tarryn Fischer, esse ebook curtinho foi o suficiente para me fazer ter vontade de correr atrás dos títulos dela. Segundo: por ser uma história daquelas que te prendem no início, te intrigam no meio e te fazem soltar um grito de "não acredito que já acabou" no final. Ainda mais quando você descobre que ele vai ter continuação. Ainda não superei esse final, de forma alguma. 

"Everything about her is captivating, like the aftermath of a storm. People aren't supposed to get pleasure out of the destruction Mother Nature is capable of, but we want to stare anyway. Charlie is the devastation left in the wake of a tornado.
How do I know that? 
- Silas"

Never Never conta a história de Charlie e Silas, um casal de namorados que, simplesmente, esquecem de todas as coisas importantes sobre suas vidas de uma hora para outra. E por coisas importantes, quero dizer, os nomes dos pais, dos irmãos, quem são seus amigos ou as circunstâncias em que seu relacionamento andava. Conforme vão se reabituando com as próprias vidas, eles descobrem que suas famílias, antes tão próximas, agora são inimigas e que seus pais não aprovam mais o relacionamento que já dura quatro anos. 

Quanto mais eles dois descobrem sobre si mesmos, mais se surpreendem com as coisas que foram supostamente capazes de fazer e tentam começar a consertar as coisas. O relacionamento de Charlie e Jeanette, sua irmã mais nova, é uma dessas situações que devem ser consertadas e eu espero que a Charlie consiga,efetivamente, ajudar a irmã no próximo volume: a mãe delas é alcoólatra e mal liga para as duas. Silas, por sua vez, não tem problemas com seu irmão. Seu pai, por sua vez é autoritário e mandão. Só que, por não se lembrar dele, pela primeira vez na vida, Silas não faz exatamente como o pai ordena. 

" - I don't care what our real first kiss was - he says - That's the one I want to remember" 

A pegada de Never Never é bem diferente dos outros livros da Colleen que eu já li. Parte para a ficção - esquecer tudo e todos da sua vida de uma hora pra outra não é possível, felizmente -, mas não chega ao nível do absurdo, difícil de engolir. Não conheço a linha de escrita da Tarryn, mas imagino que ela seja bem parecida com a da Colleen. Há uns meses, elas disseram que cada uma tinha ficado responsável por escrever o ponto de vista de um personagem e, se eu não estiver enganada, Collen escreveu o Silas e Tarryn escreveu a Charlie. Mesmo assim, elas conseguiram uma narrativa bem linear e que se completasse - o que é muito, muito difícil quando se trata de uma história escrita a quatro mãos. 

Descobri que o livro tinha continuação quando cheguei na última página e devo dizer que Never Never terminou no momento EXATO pra fazer você enlouquecer até conseguir abrir o segundo volume. De verdade. E o pior: como pouca gente leu e eu su uma boa pessoa, não posso mandar spoilers pela internet pra aliviar a tensão, ou seja, leiam logo pra eu ter com quem conversar! haha

"Never stop.
Never forget"

Tiago Iorc na Praia de Ipanema - 10.01.2015



Oi gente! Hoje eu vim contar uma experiência muito, muito feliz que eu tive o privilégio de viver ontem: assistir um dos meus cantores preferidos ao vivo novamente. Dessa vez, o cenário foi a praia de Ipanema, uma das mais populares aqui do Rio. Com o calor que está fazendo por aqui, foi só chegar pertinho do palco para esperar pelo show que eu já estava derretendo de tanto suor, mas como não sou das maiores fãs de praia e não fui de biquini, aguentei firmemente até o Tiago entrar com os abanadores que deram por lá mesmo. 
O atraso dele foi só de meia hora e foi só o "pra começar, cada coisa em seu lugar, e nada como um dia após o outro" sair pelas caixas de som pra eu esquecer do calor, do atraso e da sede. Era o Tiago, a dez passos de mim, cantando a trilha sonora da minha vida pela quarta vez. A felicidade que ele, visivelmente, estava sentindo, era só um reflexo da nossa e acho que isso fez a noite de ontem ser mais especial ainda. 

Sou fã do cara desde pirralhinha, devia ter uns 12, 13 anos quando descobri que o cantor da música fofa da Malhação era brasileiro e fui procurar saber mais sobre ele. De lá pra cá, já se passaram uns bons oito anos e era de se esperar que ele também tivesse passado, mas dos meus gostos de adolescência, ele foi um dos únicos que prevaleceu. E para falar a verdade, Tiago foi um dos responsáveis pela melhora do meu inglês antes mesmo de eu começar o curso. Meus professores agradecerão eternamente. O trabalho dele amadureceu junto comigo e isso foi absurdamente importante pra minha identificação com as diversas fases da carreira dele. O som que ele faz hoje se encaixa muito mais na minha vida do que o que ele fazia há oito anos, mas isso não quer dizer que eu não goste das antiguinhas. Inclusive, uma das minhas músicas preferidas dele é do primeiro CD (No One There, procurem porque é massa!).



Não é a primeira vez que eu fico na primeira fila de um show dele com as mesmas amigas (Nati, Lari, Natascha e Mylena, suas lindas! Jess, não perca o próximo!) e a interação dele com a gente ontem foi mais forte do que da outra vez. Pode ter sido a nossa cabeça de fã fantasiando, mas nós podemos jurar que ele olhou na nossa direção e sorriu algumas vezes. Quem vai dizer o contrário? Ninguém, ok. E, ah, eu e Mylena somos as backing vocals oficiais de Um Dia Após o Outro" desde o último pocket show. Pois é, o nível é esse mesmo. 

Acho que se você curte o Tiago e não foi no show de ontem, perdeu a melhor apresentação dele que eu já vi. O que ele estava sentindo era felicidade e não tinha como dizer o contrário. A realização do cara foi comprovada quando ele contou que, quando era mais novo e estava aprendendo a tocar violão, ele morava num apartamento que ficava em frente a uma praça e ele ia tocar na varanda, imaginando que as árvores eram um mar de pessoas, juntas, ouvindo o que ele tinha pra tocar. Vendo as fotos de ontem, realmente, tinha um mar de gente na frente dele. E eu nunca me senti tão feliz em ser uma árvore assim :)

Não consegui filmar nada e a iluminação atrapalhou uma parte das minhas fotos, mas além das três que estão aqui no post, tem um álbum na página do blog no facebook, pra facilitar a visualização. E, ah, se você não conhece o Tiago, cara... começa a ouvir agora, vai!



Motivos do meu sumiço e 35 desejos pra 2015 #AriIsBack

Oi gente! Vocês provavelmente perceberam que eu dei uma sumidinha no último mês, né? Pois bem. Sabe quando a vida da gente resolve brincar de ginástica olímpica e dá uns saltos mortais carpados com 10 giros no ar bem na sua cara? Aconteceu isso. E com o final do período na faculdade, as festas de fim de ano e todas as coisas que surgiram para serem feitas, eu desanimei. Desanimei totalmente, pensei até em parar de vez com o blog usando o meu TCC do segundo semestre como desculpa, mas to aqui, né. Vou, pelo menos, tentar. Verão é o meu bebezinho e você não pode deixar um bebê de lado depois que ele nasce, certo? Então eu também quero, agora, desejar a vocês um 2015 maravilhoso e abençoado. Que seja um ano de vitórias e conquistas pra todos nós e que os momentos ruins passem rapidinho, sendo todos superados pelos dias felizes. Devo ter alguns cometários para responder e vou fazer isso ainda hoje! E, ah, tem layout novo quase saindo do forno pra cá, porque sim, ano novo, casa nova <3

Esse foi o primeiro ano em que eu fiz uma lista de resoluções oficial. Ela devia ter 50 desejos. Mas eu só consegui lembrar de 35, então é assim que vai. E sem pedir ajuda pro ano que acabou de começar, eu prometo me esforçar de verdade para cumprir, ao menos, a metade disso tudo que tá aí. Vai que eu consigo até mais?

1 - Fazer minha primeira tattoo
2 - Entrar na auto escola
3 - Tirar a carteira de motorista de primeira
4 - Ter uma festa de aniversário do meu jeito <3
5 - Tirar mais de nove no TCC
6 - Ir à praia (de dia) pelo menos uma vez
7 - Pintar os cabelos
8 - Me dedicar mais ao Verão <3
9 - Terminar de escrever meu primeiro livro (quase lá, pessoal. Quase lá!)
10 - Conseguir publicar meu primeiro livro (pelo menos o começo do processo, vai?)
11 - Atualizar TODAS as minhas séries
12 - Ler mais livros do que em 2014 (Li 37 ano passado, o que é um recorde pra minha pessoa)
13 - Ler a bíblia inteira (Dá uma ajudinha aí de cima, Deus!)
14 - Ler mais livros em inglês
15 - Tirar o projeto do vlog do papel
16 - Comprar uma câmera boa
17 - Fazer um curso de maquiagem profissional
18 - Fazer um curso de fotografia
19 - Me formar no inglês com conceito máximo (sou uma pessoa que não faz cobranças a si mesma. Imagina.)
20 - Fazer o curso de conversação no inglês depois da formatura
21 - Começar a estudar outra língua
22 - Ir ao show do John Mayer (se ele vier esse ano)
23 - Ser uma ótima madrinha de casamento pras amigas que vão começar nessa jornada esse ano
24 - Renovar o guarda roupa (doar o que não serve mais, repor aos poucos)
25 - Fazer algum tipo de trabalho voluntário
26 - Voltar a dançar
27 - Me alimentar melhor e perder os dez quilos que eu ganhei nos últimos dois anos (Sim, foram dez quilos mesmo)
28 - Ser motivo de orgulho para os meus pais
29 - Começar a ler Harry Potter
30 - Controlar melhor os gastos com o cartão de crédito
31 - Ser mais organizada
32 - Aprender a confiar cegamente no Deus que me deu a vida
33 - Entender que eu também preciso, antes de tudo, me dedicar mais a Ele
34 - Me livrar da progressiva!
35 - Acabar de ler Nárnia

Sobre abuso e conforto - Samantha e Marcos I


- Você está me machucando, Daniel! Solta o meu braço! – Falei enquanto ele me puxava pela rua até o apartamento dele, tentando não chamar mais atenção do que nós dois já estávamos chamando.
- Me solta! – Falei um pouco mais alto e ele continuou sem responder. Apenas me olhou enquanto me puxava discretamente, mas com força, pela entrada de seu prédio.
- Fica quieta, Mariana. – Ignorei.
- O que deu em você, hein? – Perguntei quando nós entramos no elevador. Tentei não pensar em todas as vezes em que entrar naquele elevador significou a maior felicidade do meu dia. E tentei ignorar o pulo que meu coração deu só de pensar nisso. – Você perdeu a língua? – Provoquei quando percebi que não ganharia resposta alguma para a minha pergunta. Ele apenas me olhou do alto. Resolvi parar de resistir porque quanto mais eu lutava, mas ele apertava o meu braço e eu já podia imaginar aquilo ficando meio roxo mais tarde. Esses eram os problemas de se ter uma pele branca, quase translúcida.

Chegamos ao oitavo andar e quando saímos do elevador, passamos por Marcos, o vizinho de Daniel. O conhecia de dar bom dia, apenas, mas ele pareceu surpreso por me rever. Coisa que fez questão de esconder rapidamente colocando os óculos escuros e fingindo que não tinha percebido que eu estava sendo quase carregada. E pior: que eu estava deixando que isso acontecesse. Mesmo depois de ele ter visto a mesma coisa que eu naquela noite.

Era bem verdade que eu deixaria e aceitaria qualquer coisa que Daniel me pedisse. Eu me fazia de durona, mas era apaixonada por ele desde os vinte anos. Já tinha tentado resistir zilhões de vezes antes dessa, mas era inútil. Quando alcançamos a porta do apartamento, eu já sabia o que ia acontecer assim que ele a fechasse atrás de nós dois. Já tinha acontecido antes. E eu passei todos os dias das últimas três semanas ansiando por isso.

Ele trancou a porta, tirou a bolsa dos meus ombros e a colocou no chão aos nossos pés em um só movimento. Um segundo depois, eu estava em seus braços, com as pernas em volta de seus quadris enquanto ele me prendia contra a porta.

Daniel me tinha nas mãos sempre que quisesse. Ele sabia e se aproveitava disso. E eu deixava. Eu pedia e gostava disso. Já tinha desistido de tentar me ajudar. Ele era o único cara que já tinha demonstrado algum interesse por mim. Pelo menos o único que eu deixei que se interessasse. Era meu carma. Minha sina. E eu tinha plena consciência disso enquanto estava com ele naquele sofá.

Também já sabia que me arrependeria assim que saísse pela porta. Lágrimas traidoras escorriam sem que eu conseguisse conter enquanto eu esperava o elevador para descer. Perdi a paciência e resolvi ir até as escadas. Quando me vi sozinha, as lágrimas só aumentaram. Sentei em um dos degraus e esperei que a fase do arrependimento passasse. Sempre passava. Eu sempre esquecia. E sempre queria voltar. Daniel era meu vício. E eu não fazia a mínima questão de reabilitação.  

- Você precisa de ajuda? – Me assustei com a voz que não reconheci e dei um salto ao olhar para cima. – Calma, eu não vou te machucar. – O estranho que agora eu tinha reconhecido como Marcos disse enquanto se afastava um pouquinho e colocava as mãos para cima.
- Não precisa se preocupar. – Sequei as lágrimas no meu rosto. – Eu estou bem.
- Você não parece bem, Mariana. – Ele também lembrava o meu nome e eu me surpreendi com a constatação a que cheguei rapidamente: Marcos se importava a ponto de lembrar, por mais que eu tivesse dito meu nome a ele mais de seis meses atrás, em uma das minhas muitas idas e vindas desse prédio, logo assim que ele se mudou.
- Vou ficar bem. – Forcei um meio sorriso.
- Eu não vou te fazer perguntas. Mas acabei de voltar da academia e vou jantar em casa. Tem comida suficiente para nós dois. Se estiver com fome, as portas estão abertas.
- Eu acho que preciso sair desse prédio. – Falei, jogando fora qualquer tipo de ressalvas em relação a Marcos. Pior do que a noite estava não poderia ficar. Pelo menos ele parecia verdadeiramente preocupado.
- Posso oferecer a minha companhia?
- Você não vai mesmo fazer perguntas sobre o seu vizinho?
- Só quando você quiser responder.
- Então eu aceito a companhia.

Marcos estendeu a mão e eu reparei que ele não parecia com quem tinha acabado de voltar da academia. Estava arrumado e, não pude deixar de perceber quando peguei sua mão estendida e me levantei, bem cheiroso. Também reparei, pela primeira vez, que ele era bem mais alto. Eu estava dois degraus acima e nossos olhares, ainda assim, não estavam alinhados.

Ele guardou as chaves de casa na bolsa de academia que trazia nos ombros e pegou as chaves do carro no mesmo compartimento. Gelei por dentro.

- Nós precisamos ir de carro? – Perguntei quando chegamos ao primeiro andar, antes de descer mais um para a garagem. Ele era atlético como eu, não demonstrava nem um sinal de estar ofegante mesmo depois de descer oito lances de escadas. A academia, definitivamente, não era para emagrecer.
- Está ficando tarde. Pode ser mais seguro para a volta.
- E aonde nós vamos?
- Você tem alguma sugestão?
- Não. – Falei. – Só não quero ficar em lugares fechados. Preciso respirar.
- Tive uma ideia. – Ele sorriu e eu reparei que, pela primeira vez, Marcos me dirigia um sorriso de verdade, que não era simplesmente por ser cordial.
- E qual é essa ideia? – Perguntei enquanto entrávamos na garagem. Fiz questão de ignorar a moto de Daniel no canto. E mais questão ainda de esquecer dele, pelo menos enquanto estava com Marcos.
- Você vai ter que confiar em mim. – Ele disse, apertando o botão no controle em suas mãos. O carro que obedeceu ao comando era uma caminhonete preta que, de tão alta, provavelmente ia me fazer parecer uma menininha indefesa que precisa de ajuda para subir num carro.
- Primeira verdade sobre mim que você vai aprender essa noite: eu não confio em ninguém.
- Então você vai ter que esperar para descobrir, porque a minha primeira verdade da noite é a minha terrível persistência.

Logo depois de ter falado, ele se dirigiu ao banco do motorista do carro e abriu sua porta. Num reflexo, abri a minha também e entrei sozinha. Eu não era uma menininha indefesa que precisa de ajuda para subir num carro, afinal de contas. Dei um meio sorriso quando fechei a porta.

- Onde você mora, Mariana?
- No Flamengo. Aqui pertinho.
- Ótimo. Minha ideia vai dar certo, no fim das contas. – Me segurei para não perguntar mais sobre a tal ideia porque não queria parecer curiosa, mas ele obviamente supôs que eu estava morrendo de vontade de saber para onde estávamos indo.
- Você é curiosa. – Não foi uma pergunta.
- Um pouco. Você é perceptivo.
- Bastante. – Ele sorriu novamente. – Ah. – Marcos parece ter se lembrado de alguma coisa. – Apenas uma coisa pode estragar meus planos agora.
- O que?
- Você é daquelas mulheres que vivem de dieta? – Parei para pensar.
- Depende do que você considera como dieta.
- Comer meia azeitona e uma folha de alface no almoço e achar que está engordando com isso.
- Odeio azeitonas. – Eu ri. – E definitivamente, não abro mão de proteína na minha dieta. Só tomo cuidado para não comer besteira demais, porque se eu me permitir, como batata frita todos os dias.
- Quanta força de vontade.
- Nem fala. – Ele olhou de lado e me analisou rapidamente.
- Impossível ter o seu corpo só evitando comer batatas fritas. – Outra afirmação. Correta, por sinal.
- Verdade. Digo o mesmo de você. É preciso de um para reconhecer o outro. – Deixei claro que tinha reparado que ele também tinha um corpo bonito.
- Eu sou dono de uma academia em Copacabana. Já fui personal trainer. Nunca perdi os hábitos saudáveis.
- E eu sou...
- Bailarina. – Dessa vez eu realmente me assustei. Arqueei uma sobrancelha e olhei para ele.
- Seus pés estão machucados, suas panturrilhas são mais fortes do que as minhas e você fez um coque em cinco segundos assim que entrou no carro. Ah, e as fitas da sua sapatilha de ponta estão para fora da bolsa.

Nunca tinha conhecido alguém que absorvesse tantos detalhes com essa rapidez. Talvez pela minha mania de simplesmente não confiar em quase ninguém eu tenha me sentido um pouco incomodada. Ou talvez porque a última pessoa que reparou em mim desse jeito foi o Daniel. Mas, é claro, em outras épocas, antes de ele virar o babaca que me tinha nas mãos e por quem eu era completamente aficcionada.

- Te assustei? – Marcos interrompeu meus pensamentos.
- Oi?
- Você ficou calada do nada. Falei algo que te incomodou? – Sorri.
- Não, pode ficar tranquilo. Eu só não estou acostumada com alguém reparando tanto em mim.
- Reparando em você ou percebendo você? – Ele desviou os olhos da rua e esperou a minha resposta.

- Os dois. – Era isso o que ele estava fazendo. Os dois.

Resenha: Beautiful Oblivion, Jamie McGuire - Beautiful #3/Maddox Brothers #1


Beautiful Oblivion
Jamie McGuire
Atria Books
♥♥♥♥♥

Então você acha que uma de suas autoras preferidas nunca vai conseguir se superar. Até que você quebra a cara e ainda não se recuperou, de forma alguma, do último livro dela. É exatamente assim que eu estou me sentindo em relação a Beautiful Oblivion, de verdade, cara. Ele é a "continuação" - ao mesmo tempo, ele continua o universo da história do Travis e inicia outra série, a das histórias dos seus irmãos - de Belo Disastre, Desastre Iminente e Belo Casamento (que eu ainda não li) e se Travis Maddox já fez um estrago nos nossos corações, Trenton veio para pisotear nas migalhas e fazer morada, do ladinho do irmão. 

Camille Camlin, a Cami, se tornou, rapidamente, uma das minhas protagonistas prediletas. Ela também vem de uma família grande como os Maddox. Tem três irmãos e um primo que mora com eles. Sendo a única mulher, ela teve que aprender a se defender sozinha. Com um pai violento, ela precisou amadurecer bem cedo e conquistar a própria independência. Além de ser bartender no The Red Door - o bar preferido de Travis Maddox e de todos os estudantes da Eastern - ela faz faculdade e divide apartamento com Reagan, sua melhor amiga desde sempre.

"I was in trouble. Big, disastrous, Maddox trouble"

Seu namorado, TJ, se mudou para a Califórnia apenas três meses depois do início do relacionamento por causa de um emprego misterioso que ocupa grande parte do seu tempo. Ele e Cami, basicamente, tem contato através de mensagens de texto e ligações rápidas. Cami sabia disso antes de ele viajar e é até bem conformada com a situação. Mas num fim de semana em que ela conseguiu folga no Red para visitar TJ na Califórnia e ele diz, na última hora, que vai precisar trabalhar, as coisas começam a ficar complicadas para o lado... dele. Aproveitando a folga, Cami vai para o Red se divertir e lá esbarra com Trenton Maddox, em toda sua magnificência, músculos, tatuagens e persuasão. 

A construção do relacionamento de Cami e Trent é, de longe, muito menos conturbada que a de Travis e Abby e isso é absurdamente fácil de perceber. Acho que, talvez, tenha sido isso que me fez gostar tanto deles dois - até mais do que o primeiro casal, confesso. Trent tem tudo o que o Travis tem, sem a parte da obsessão louca, que é, justamente, o que faz muita gente se assustar com o cara. Trazendo para o meu contexto, se eu tivesse que escolher entre Travis e Trenton para ficar, escolheria o Trent. Foi mal aí, Trav, mas de vez em quando você assusta. Mesmo assim, eu não deixei de te amar, okay?

"He had the best worst effect on me. As if everything I was - and wasn't - was desirable. I didn't even have to try. Trenton's unrepentant appreciation for everything he knew about me was addictive"

Cami é uma das minhas protagonistas preferidas porque ela, simplesmente, é badass demais. Não tem outra palavra para usar, de verdade. Em parte por causa do que você descobre na última linha do livro e em parte pela sua história de vida. Ela poderia ser, tranquilamente, uma dessas protagonistas perdidas na vida que vivem fazendo besteira em cima de besteira para compensar o passado complicado e a base familiar estremecida. Mas ela é madura o suficiente para tomar conta dela mesma e tão bem construída, que eu estou, para variar, sofrendo por ela e Trent serem de mentirinha. Isso não se faz, de verdade.

E é tudo culpa da Jamie McGuire e essa capacidade de ser maravilhosa que ela tem. De verdade, gente. O livro estava acabando e eu estava começando a achar que tinha perdido algum detalhe - li em inglês, por isso a desconfiança - porque os personagens estavam falando de uma coisa que eu não estava entendendo e então, eu entendi tudo na última linha. Aliás, NUNCA, EM HIPÓTESE ALGUMA, espie a última página de Beautiful Oblivion/Bela Distração. Porque é de te deixar maluco o que essa mulher fez e ainda por cima, sem deixar a gente desconfiar de nada. Ou, como foi comigo, que pensei em algo muito parecido, mas nunca cogitei exatamente o que era. Acho que ficou confuso, mas vocês vão entender o motivo da confusão assim que lerem e se depararem com a situação.

"I've had a lifetime of wrong. You're the only thing that's right"

Para a nossa felicidade, o próximo livro da série Maddox Brothers sai em janeiro com a história de Thomas, o Maddox mais velho e AGENTE SECRETO DO FBI. Meu coração não vai aguentar, tenho quase certeza. Mas enquanto Thomas não chega, meu amor é o Trent. E eu até deixaria ele me chamar de Baby Doll <3 

Compras da Black Friday!

Ah, a Black Friday. Tanta expectativa e ela acaba tão rapidinho! Entre pesquisas, listas e muito desespero na hora de finalizar as compras, eu consegui sair com um CD, um ebook e cinco livros (que eram para ser, originalmente, oito, mas já já eu explico).



Eu amo o Submarino, de verdade. Mas quando se trata de compras online, já tem um tempinho que eu me mantenho fiel à Saraiva por causa da opção de não pagar frete e buscar o pedido na loja. O Plaza Shopping, que fica pertinho da minha faculdade, tem duas Saraivas, então eu confesso que acostumei com essa facilidade, digamos. Fechei minha compra na BF na Saraiva também porque o Submarino só ficou estável depois das três da manhã, quando boa parte do estoque de livros que eu queria já tinha acabado. Mas eu ainda consegui garimpar o primeiro CD da Daniela Araújo - uma cantora cristão que eu curto demais, pra quem nunca ouviu falar - bem baratinho e acabei comprando  no Submarino num último suspiro de consumismo e paciência. Eles compensaram a inconveniência da sexta feira na rapidez na entrega: o CD chegou na minha casa na segunda feira seguinte, inteirinho e bem rápido.



Na Amazon, minha compra foi feita antes mesmo da sexta. Beautiful Oblivion, da Jamie McGuire, entrou em promoção e estava sendo vendido na loja americana a dois dólares. DOIS DÓLARES! Convertendo, eu paguei cinco reais num ebook que custaria mais de vinte em dias normais. A promoção ainda está valendo, se alguém aí quiser correr e garantir um (vale a pena, just saying).


E por último, mas não menos importante, as compras da Saraiva! Como disse lá em cima, meu carrinho tinha oito livros no início: Essa Garota - Colleen Hoover, Sempre Foi Você - Carrie Elks, As Batidas Perdidas do Coração - Bianca Briones, Simplesmente Acontece - Cecelia Ahern, Orgulho e Preconceito - Jane Austen (na edição bilíngue de luxo), Um Amor Para Recordar e Diário de Uma Paixão - Nicholas Sparks e Por Uma Questão de Amor - Beatriz Cortes. O problema foi que o site demorou tanto para conseguir, efetivamente, finalizar meu pedido, que quando eu consegui, Por Uma Questão de Amor estava esgotado. Quase chorei, porque fiquei realmente com vontade de lê-lo e de descobrir mais uma autora brasileira. Mas a hora dele ainda vai chegar. E com os livros do Nicholas, o que aconteceu foi o seguinte: eles saíram da promoção e triplicaram de preço. Como a intenção era levar mais por menos, precisei abrir mão deles e fiquei só com os cinco que já estavam garantidos. 

Não consegui chegar nem perto do meu objetivo da listinha que postei aqui há umas semanas, mas já foi alguma coisa, né? Que venham as próximas promoções malucas do Submarino! (com livros bons dessa vez, por favor, amigos).